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Com açúcar, e sem filhos. Obrigada!

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Cheguei naquela maldita idade, minha e do meu relacionamento afetivo, que não gero mais novidades: a vida está boa, o amor está amadurecendo, tenho contas a pagar. Acho que é natural esse período de “mesmice” boa, com as coisas exatamente onde deveriam estar. Eu só acho que as pessoas não entendem isso. Se o mundo evolui, animais evoluem, porque eu também não evoluo para a nova fase. E sabe qual é ela? Ter filhos. Foi-se o tempo em que as pessoas te pressionavam a casar.A gente já mora praticamente junto, já divide a vida, os pesos, os bons e maus momentos, logo, estamos praticamente casados. A nova onda, pelo menos comigo, é o “e quando vem os filhos?”. Assim, nada contra crianças, inclusive, Gustavo e eu já escolhemos os nomes dos possíveis filhos, as cores do enxoval e onde pretendemos morar para que eles tenham uma infância feliz. Só que por enquanto, isso é projeto no papel sem possibilidade de se realizar. Nada contra a gravidez surpresa, mas eu sou extremamente ansiosa e preocupada com tudo. Daquele tipo que precisa que as coisas estejam dentro do planejado, ao alcance do meu controle. Sei que não dá certo quase nunca. A ideia mesmo é tentar prever o máximo de possibilidades, e depois, se sair fora dos trilhos, ter um plano B, C ou D. No meu atual estado de vida, onde ainda sou universitária, sem família nos 450 mais próximos, sem trabalho e com um namorado na mesma situação, ter filhos é algo sem chance. Eu quero, quero muito de verdade um dia ter os meus, com esse cara maravilhoso que eu amo e me ama também. Acho que seria a coroação do nosso amor, mas agora não dá. É terrível ter que se explicar assim, só que em face das últimas estou achando necessário. As pessoas não me perguntam mais como eu estou, ou se estou feliz. Parece que desejam que eu tenha filhos para que elas possam cheirar, esmagar e dar beijinhos, e depois, claro, ir pra casa e deixar a responsabilidade de amar, zelar, educar e fazer daquele pedacinho de gente um ser humano correto, digno, bom e feliz, para mim. Filhos são uma responsabilidade pra vida toda. Mais que isso, são compromissos diários de paciência, de carinho, de respeito. Um compromisso para o qual eu ainda não me sinto nem perto de estar preparada. Pode ser por puro egoísmo, em não querer abrir mão da vida que tenho, ou altruísmo demais em não querer colocar no mundo mais um traumatizado para ferrar com a vida dos outros, porém, tenho que dizer: agora não! Obrigada gente que acredita que eu dou conta, ou que pensa que vai dar certo, quando escolher ser, estarei preparada para fazer o melhor.

Com licença, Nando Reis.

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Por onde andei enquanto me procurava? Será que eu sei que estar comigo mesma, sendo tudo aquilo que escolhi ser, era tudo aquilo que me faltava? Eu senti a minha falta, e a falta é, definitivamente, a morte da esperança. Como o dia em que deixei de viver, para ser o que esperavam que eu fosse. Se agora eu sei por onde andei pra me encontrar, é porque agora eu sei que fiz tudo que deveria fazer, sem me importar mais com o que podia resultar dali. E sabe do que mais? Sei ser feliz por que hoje sei me satisfazer. Certo ou errado, quem pode entender? Nada há mais de faltar, nada hão mais de fazer, se estou exatamente onde desejo estar, é sinal que a vida me deixou viver.

10 coisas que odeio em você…

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Estava eu revirando uns papéis antigos e me deparei com esse “poema” que recebi de um amor antigo, tempooooooooos atrás. Lembrei de coisas divertidas, tempos românticos e, para que não se perca , resolvi postar.

Odeio como vc se veste e consegue atrair os meus olhos ate toda bagunçada;
Odeio como vc me entende e sabe exatamente oq penso;
Odeio como vc sorri pra mim e me faz esquecer de todas as vontades de fugir de vc;
Odeio o quanto penso em vc e nunca sei se você pensa em mim;
Odeio como vc desperta tudo de ruim em mim… e como consegue também despertar tudo de bom;
Odeio não conseguir esquecer seu abraço e ainda querer sentir seu calor;
Odeio como me torno inocente perto de vc e como vc me manipula;
Odeio como me sinto um adolescente perto de vc;
Odeio como me faz rir.. e odeio muito mais quando me faz chorar;
e odeio tentar te odiar.. não conseguir nem por um momento..

Fálica

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Por Tati Bernardi

Clarice era uma mulher fálica. E o que fazer com essa nova informação? Usar isso para o que? Comer uma mulher? É, não seria uma má idéia para ela que estava cansada de atrair homens “xânicos”. Explico, calma. Clarice, uma publicitária de 31 anos, tinha acabado de descobrir na sua terapia que era uma mulher com pinto. Não na vida real, na vida comportamental. Resumindo: ela se comportava, em alguns muitos casos, como homem.
Ela entrava pisando firme num restaurante e já ia pedindo uma mesa para dois não fumantes, ela pegava a mão do cara respeitoso e enfiava no meio dos peitos dela, para acabar logo com aquele papo furado de elocubrações da vida. Ela não gostava de discutir muito o relacionamento a dois quando estavam sozinhos e num lugar reservado, achava que essa situação só poderia pedir gemidos. Por fim, ela pagava a conta do motel quando levava meninos estudantes e cheios de vida para lá.
Mas tudo o que Clarice queria, era um homem com o pinto maior do que o dela. Tudo. Era tão difícil assim? Um homem que a fizesse sentir tão mulher que a deixasse descansar dessa auto-defesa homem de ser. Ane, sua amiga que vivia da pensão do ex marido (apesar de não ter filhos e Clarice achava isso o maior absurdo mas dava um desconto porque a amiga era divertida e o ex marido um babaca que a havia traído) passava o dia lendo revistas idiotas e acabara por ficar mais metida a Freud do que metida por homens.
Se você quer um homem de verdade, seja uma mulher de verdade. Mas você fica aí querendo competir com eles, não é? Mas o que era então uma mulher de verdade? Ou pelo menos uma que atrairia um homem de verdade? Seria a meiga falsa que já deu pra meia cidade mas mantêm o semblante de virgem com medinho? Seria a submissa que apenas sorri para toda e qualquer opinião do bonitão? Ou pior de tudo, umas cem vezes: seria aquela mulher que espera o prícipe encantado que vai ensinar a vida para ela, mostrar a vida para ela e pagar a vida para ela e tudo o que ela precisa fazer é um boquetinho com a tática de cobrir os dentes com os lábios voltados para dentro da boca?
Uma mulher de verdade é feminina, só isso. Fernanda, sua amiga de infância que vivia querendo competir com ela mas no fundo a admirava muito e acabava por fazer o papel de alterego vulgar em sua vida) fala isso prendendo os cabelos num elástico ensebado e ajeitando os peitos no decote. Clarice se irrita e pensa em falar um milhão de palavrões à amiga que tem seus dias nada meigos, como os de hoje. Mas falar palavrão seria pouquíssimo feminino da parte dela. Perfeito! Constatando isso ela solta todos eles, se libertando do assunto e da feminilidade. As amigas percebem que os homens nas mesas em volta olham feio e com apenas um olhar, ou melhor, quatro olhares, elas fuzilam Clarice, a fálica que sempre põe o pau na mesa e afasta todos os testosteronas em volta.
Clarice permanece confusa, puta da vida e mal humorada durante exatos dez minutos. E depois abre o maior berreiro. Chora, soluça, enfia o rosto no meio das mãos. Naquele momento, ainda que vermelha e toda borrada de rímel, a frágil Clarice atrai mais o interesse dos homens do que quando chegou no restaurante em seu carro novo, feliz e bem sucedida.

Universidade x Criatividade

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A Universidade é um momento ímpar na vida, realmente. Aprendemos aqui não somente os conteúdos que nos servirão a vida toda, mas ganhamos independência, visão, aprendemos a seremos humanos melhores, construtivos aos outros, a nós mesmos. O que estranho, porém, é o excesso de estatísticas, tabelas, gráficos, citações. Ao adentrar os portões da graduação percebi que nada sei de nada, e o pior, o pobre nada que eu sabia nem era meu – alguém já o havia pensado. Alguém esse a quem devo referenciar – e reverenciar – em meus (?) textos, pensamentos e ações, ou corro o grave risco do plágio, da cópia, do crime. Simultaneamente, leio livros que massageiam meus sonhos. Agora, por exemplo, estou nas nuvens com “a riqueza do mundo”, Lya Luft. São crônicas, contos, relatos, das ideias dela sobre nossa sociedade atual. Uma delícia, leve e tocante, tudo ao mesmo tempo. O que notei dessa vez, que não teria notado não fosse a universidade que me chacoalha as ideias é que ela, Lya, não me mostra referencias ou gráficos, tudo que está escrito vem dela. Claro que sei que por traz das linhas assinadas pela autora há uma pesquisa imensa, um aparato de informações, leituras, telejornais, mas o que enlaça todos esses fatos soltos são as mãos dela, o pensamento dela, os sonhos dela. Isso pra mim é o original! É ver a construção do senso crítico, acontecendo ali, na frente: o milagre do pensar. Pode parecer ilusório, mas gostava do tempo que acreditava na firmeza do que acreditava, do que idealizava e que tudo isso ainda me cabia, tanto em direitos quanto em autoria. Acho tão vazio imaginar que tudo que sei nunca foi de fato meu. É nessas horas que agradeço às Lyas do mundo: “obrigada, autora querida, por me fazer acreditar”.

Equilíbrio!

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Equilíbrio é entender que precisam pelo menos duas forças para que exista um meio termo. É entender que a rotina existe para que um dia fujamos dela, em uma festa, com amigos, quando há roupa para lavar contas a pagar. Equilíbrio é estar em paz com aquilo que se tem sem esquecer de desejar sempre mais coisas possíveis. Claro que para ser verdadeiramente equilíbrio, precisa que haja o impossível! Só que esse não se precisa desejar pra sempre, só as vezes, pra variar. Para que seja verdadeiro, é preciso perder a paciência, é preciso mostrar aos outros que você é legal, mas não idiota. É preciso dar uns sopapos na cara de quem te magoa, por que esse sim está desequilibrado por invadir teu espaço, te desrespeitar, e convenhamos, tem gente que só aprende do pior jeito. Então, equilíbrio é a força que te dá a compreensão de que o mundo tem um eixo, que lá você pode estar sem abalar suas estruturas, sem duvidar da calmaria. E pra ter certeza – e dar valor – a esse estado místico de paciência, sabedoria e neutralidade, precisamos experimentar os outros extremos como a impaciência, a incoerência e a revolução. Caso contrário não teríamos parâmetro algum de comparação para saber quando realmente a paz batesse a porta, pra ficar.

Competir, sim!

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Se eu tivesse escolhido competir com alguém, com certeza seria alguma das meninas que vive achando que sabe ser o que não é. Seria covardia, sei disso, mas pelo menos, ganharia sempre, sem dúvidas, sem problemas e com horas sobrando para dormir. No entanto, escolhi uma rival crudelíssima, carrasca até não poder mais. Uma mulher, ainda meio infantil, que me cutuca o tempo todo, que me enlouquece com tantas paranoias, com tantos medos e inseguranças: ela jura que eu não sei fazer. Essa louca me atazana, me cobra horrores. Vem com aquele papo brabo de: “se você é capaz de um 10, por que aceita um 8?”. Respondo que estava com preguiça, que fiz o melhor para aquilo, que não achei material. Ela nunca se contenta. Sempre diz: “podia ter pesquisado mais, mais, mais, mais”. Fecho os olhos, ela vem. Abro, ela continua ali, na mesinha, sentada, em cima das pilhas intermináveis de folhas, livros e resumos que só ela consegue fazer, pois são caprichados e completos demais. Tudo nela é demais. Adversária pior não poderia ter! E quando me perguntam com quem disputo tanto, tenho que responder com um pouco de orgulho, afinal, ela me sufoca, mas me ensina, que estou sempre atrás do que sou e do que posso ser. Nem mais, nem menos.